terça-feira, 5 de março de 2013

A Revolução dos Bichos

"A Revolução dos Bichos" é uma fábula cheia de analogias escrita por George Orwell. Nela, o autor critica o totalitarismo imposto por Stálin de forma indireta. Como tratava-se de uma época turbulenta, quando críticas ao socialismo russo eram vistas com más olhos, Orwell teve que arranjar uma forma de poder expor o que pensava, sem ofender diretamente os políticos envolvidos. Na fábula, que se passa na Granja do Solar, os animais se revoltam contra os humanos, expulsando o dono da fazenda e sua mulher. Assim, origina-se a Granja dos Bichos. A Revolução dos Bichos é ideia do Major, o porco mais velho e inteligente, porém ele morre logo em seguida e, devido aos fatos, Bola-de-Neve e Napoleão - vanguardistas na revolução - tomam as rédeas após a expulsão dos homens.
O que acontece depois disso na fazenda não é nada parecido com o que os animais imaginaram. Por algum tempo todos realmente foram felizes e as tarefas eram dividias igualitariamente, porém em um encontro semanal dos bichos, Napoleão expulsa Bola-de Neve, que é perseguido por cachorros até sumir e ser perdido de vista. A partir desse episódio, o rumo da fazenda é outro. Os animais sofrem opressão, caso tentem expor suas opiniões sobre as decisões dos porcos. Os porcos são tidos como superiores, coisa que eles mesmo inventaram, por saberem ler e escrever, enquanto outros bichos não o sabem. Bola-de-Neve é culpado por conspirar contra a Revolução, tornando-se inimigo, coisa que não faz muito sentido para os animais. E, no fim, os porcos se assemelham tanto em atitude aos humanos, que fica confuso saber quem é quem. Ou pior, saber contra quem lutar, porque não se distingue o inimigo.
Orwell quis expor os fatos conforme ocorreram na URSS. Segundo o autor, ele não seguiu a risca a ordem cronológica, por uma questão de organização e lógica, porém os fatos marcantes estão ajustados conforme a história. O importante é a clareza com que se expõe os acontecimentos, tornando fácil o entendimento. Orwell não fez uma fábula para alguém em especial. Ele queria que compreendessem o que estava acontecendo de verdade. Seu livro foi usado como panfleto anticomunista, mas sua intenção estava longe dessa realidade, até por ser a favor do comunismo. Ele era contra o totalitarismo, que estava sendo praticado por Stálin.
"A Revolução dos Bichos" acaba sendo um livro que pode ser lido por crianças ou por idosos. É um livro para todos. Pode ser aplicado a várias culturas, a diversas épocas, a diversos políticos. Ele não é essencialmente um livro sobre totalitarismo, mas sobre diversos outros "ismos". Inclusive, deveria ser um livro obrigatório na cadeira de História dos colégios, facilitaria muito o entendimento da matéria. Inicialmente, pode não ser atraente, um tanto cansativo até, mas a curiosidade nos faz seguir lendo. Queremos saber o que acontece no fim, mesmo que não seja aquilo que esperamos.
Por fim, fica a frase do próprio Orwell como reflexão: "Se a obra não falar por si só, significa que ela fracassou".
Até o próximo post.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Vidas Sem Rumo

Vidas Sem Rumo não é só um livro voltado para o público jovem, ele é uma obra que retrata a realidade de uma sociedade. Escrito por Susan E. Hinton, quando tinha apenas 16 anos, foi publicado em 1967 e, futuramente, filmado - por Francis Ford Coppola - em 1983. A história se passa em Tulsa, Oklahoma, onde a autora nasceu. A escrita é modesta, sem pompa, de fácil interpretação. E o livro é envolvente, segue um fluxo de ideias, sem pausas, o que faz com que o leitor se prenda à leitura. Não é a toa que o livro se tornou um best-seller, conquistando o mundo e ultrapassando a barreira do tempo.
Ponyboy o protagonista da história, pertence a gangue dos greasers, os menos apoderados da cidade, com seus cabelos compridos, muito gel, jeans e casacos de couro. Do outro lado, estão os socs, com suas roupas de marca, muito dinheiro e sede de encrenca. Adoram puxar briga com os greasers e beber por distração. Na realidade, o livro não se trata bem de gangues, mas de definições sociais, como se eles nascessem presos aquilo que os denomina, caso de Darry, irmão do Ponyboy. Darry tinha tudo para ser um soc, mas nasceu pobre e, com a perda dos pais, não teve escolha senão largar tudo e trabalhar para sustentar os irmãos, deixando-os livre do reformatório.
A trama é emocionante e, aos poucos, o leitor passa a entender os personagens e a gostar deles, sem exceções. Dally, que é o mais encrenqueiro da turma, parece o mais distante. Em muitos momentos, suas atitudes são tão perturbadoras, que o leitor sente raiva dele. Mas, no fundo, Dally é incompreendido e sozinho. Ele se dá muito bem com Johnny, o melhor amigo do Ponyboy. Ao longo da história, é perceptível o carinho que ele tem pelo garoto. Isso o torna menos frio, porque demonstra que ele também é capaz de gostar e defender alguém.
Do lado dos socs, surge essa personagem atraente, uma menina rica, mas de bom coração, a Cherry. Ela ensina a Ponyboy que as coisas também são ruins para os que vivem no lado Oeste da cidade. Eles têm outros tipos de problemas, mas suas vidas não são tão fáceis quanto parecem. Ela é a primeira personagem soc a mostrar que eles também podem ser legais e confiáveis. Ponyboy já a conhecia de vista do colégio e eles se dão bem desde o início.
Mas o livro não se trata de um romance entre Pony e alguma menina. Trata-se de confiança, amizade, irmandade; de duas faces da sociedade, separadas pela cultura e pelo dinheiro. Susan, aos 16 anos de idade, conseguiu transformar uma história cotidiana em algo muito maior. Ela não escreveu sobre um greaser, ela escreveu sobre um menino, que apesar das coisas pelas quais passou, continuou puro como sempre foi. Escreveu sobre um menino que podia ter nascido soc, um menino com uma grandeza de espírito que muitos com mais dinheiro nunca vão chegar perto de ter. Ponyboy é puro. Johnny enxergava isso, Darry - seu irmão mais velho - também. Mas foi Johnny quem o ouviu recitar o poema do Robert Frost. Foi Johnny que pediu para que Pony continuasse dourado.

"Stay gold, Ponyboy. Stay gold…" - Johnny. 

Recomendo o livro não por ter me apaixonado por ele, o que realmente aconteceu, mas por achar que existe algo a mais nessa história. Algo que todos deveriam saber. Vidas Sem Rumo faz parte da minha coleção de livros e está entre os meus dez favoritos. É um livro realmente incrível. Quem ler, não vai se arrepender. Por sinal, o filme também é muito bom. Depois de mais de um ano procurando, finalmente consegui assistir e achei bem fiel a trama. Claro, tem muitas coisas que foram omitidas, mas o que importa, o principal, está lá. Logo, recomendo o filme também.

Até o próximo post. 

sábado, 26 de janeiro de 2013

O Velho e o Mar

O livro "O Velho e o Mar", escrito por Ernest Hemingway em 1951, tem como personagem principal Santiago, um velho pescador cubano que não tem tido sorte em suas últimas jornadas no mar, mas que mantém-se esperançoso. Desde a perda de sua mulher, é um homem solitário, exceto pela companhia de Manolim, um jovem aprendiz da pescaria. Após 81 dias de pesca sem sucesso, Santiago lança-se ao mar crente de que, no 85º dia, terá sorte. O velho acaba por afastar-se mais que o costume, indo além dos outros barcos-pesca, onde consegue fisgar um peixe que o carrega para cada vez mais longe. Santiago agarra-se a linha que prende a presa como quem se agarra a última esperança. Sua vida unida ao do Espadarte, ao qual acaba se apegando ao longo dos dias.
O livro não conta somente a história de um velho pescador que, com um pouco de sorte, agarra o maior peixe que já viu, mas narra a jornada de um homem que vê no mar sua única fonte de esperança. Um homem que trava uma batalha consigo e que resiste até perder todas as suas forças; que ama o mar e o conhece como se esse fosse uma extensão de si mesmo. Um velho pescador que ama sua presa, não pelo que ela é, mas pelo que representa: força, resistência, persistência, beleza e coragem. Coisas, essas, que almeja e inveja, que já teve um dia, mas que a idade o privou de continuar a tê-las. Ao prender o Espadarte, ao vencê-lo, quer provar, não só para si mesmo, mas para todos, que ainda tem as qualidades que vê em sua presa.
Em suma, a história de Hemingway é um conto de reflexão. Onde o homem trava uma batalha consigo. Batalha que se dá através da pesca, que usa o peixe como ponte entre o homem e seu eu interior. "O Velho e o Mar" é envolvente, reflexivo. Uma ótima leitura, de escrita simples. Por ser pequeno (128 páginas), trata-se de uma leitura rápida também. No entanto, é uma história que permite muitas interpretações, pois o entendimento do livro está naquilo que se extrai dele.

Até o próximo post.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Emma

Emma é um bom livro. Excelente, na verdade. Escrito por Jane Austen e publicado em 1815. A escritora tem um jeito peculiar de escrita e bem apropriado para a época em que viveu. As moças, sobre as quais escreve, são donzelas de reputação inteiramente confiável. Emma não poderia ser diferente. Rica, sempre que pode, ajuda os mais necessitados. No entanto, faz isso mais como um alívio para sua consciência. Mimada, pelo pai e pela Sra. Weston, acredita poder manipular as situações, mas - na maioria das vezes - é carregada por elas e acaba por sentir-se desiludida ao perceber que algo tão óbvio não teria sido percebido por ela antes.
Além de rica, é inteligente e acredita-se superior à muitos vizinhos da região, mas não deixa que isso afete seu comportamento para com qualquer pessoa, é sempre educada, divertida e tenta mostrar-se animada e disponível. Por tédio ou divertimento, resolve ajudar Harriet Smith. Uma moça bonita, mas extremamente tola, cuja família é desconhecida até o desfecho final do livro. Levada pelos conselhos e comentários de Emma, apaixona-se por qualquer um que lhe oferecer um pouco de atenção. Além de quase perder a única chance que teria de uma vida conjugal feliz.
Outro personagem de muita presença é o Sr. Knightley. Vizinho de Hartfield, onde habitam os Woodhouse. Seu irmão John Knightley é casado com a irmã de Emma, Isabella. Sr. Knightley nutre um afeto real pelos vizinhos. Sempre muito próximos, é um conselheiro fiel do Sr. Woodhouse - pai de Emma. Um velho hipocondríaco, mas que ama a filha e não suporta mudanças.
O enredo ainda conta com ilustres personagens como Frank Churchill e Jane Fairfax e o Sr. e Sra. Elton. Esses últimos, acreditam-se muito superiores aos habitantes de Highbury. Emma os considera os novos ricos da região, cujo comportamento beira o insuportável. Eles, obviamente, se veem longe dessa perspectiva, acreditando que todos sentem imenso prazer em tê-los em sua companhia.
O desfecho final não é, certamente, inimaginável, mas não deixa de oferecer algumas surpresas ao leitor. Como outros romances de Jane Austen, a escritora critica a sociedade em que vivia, uma sociedade de aparências e, muitas vezes, hipócrita. Emma, diferente de Fanny Price (personagem de Mansfield Park), não é submissa, muito menos ingênua. Essa é uma das coisas mais agradáveis nos romances da Jane, as personagens sempre apresentam um caráter único, elas têm personalidades diferentes. E, pode ser que Emma não seja nenhuma Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito), mas sua personalidade é tão forte quanto. Emma é aquela mulher que sabe seu valor, não espera menos do que merece, mas não deixa de mostrar-se agradável aos outros. Pode ser que seja um tanto egoísta e mimada, mas tem esta vontade de corrigir seus erros, que é tão apreciável.
De fato, Emma é uma personagem que cresce ao longo da trama, que aprende a ser menos presunçosa. E o Sr. Knightley é merecedor de parabenizações por ser um dos que mais participa nesse crescimento de caráter.
Em suma, Emma é um livro altamente recomendável. Uma história envolvente e leve. A leitura é agradável e o final da história mais ainda. Contudo, vindo isso de uma admiradora da Jane Austen, não se pode confiar plenamente nos meus julgamentos. Já como uma apreciadora de livros em geral, acredito ser esse um dos romances mais tranquilos que já li.

Até o próximo post.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Coisas que pensei em fazer, mas não fiz.

O Caleidocrítica não vai ser um blog comum - talvez seja. A ideia surgiu enquanto conversava com uma amiga sobre coisas que gostaria de fazer e acabei deixando de lado. Porque isso realmente acontece. A gente acaba criando novos interesses e esquece que algum dia sonhou em ser astronauta. Não, não são esses os meus planos futuros. A verdade é que gosto de escrever e nunca fiz mistério sobre isso. Tenho um blog há alguns anos já e, sempre que posso, posto algum texto novo. Só que faltava alguma coisa. Escrever sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo é interessante, mas é legal discutir um assunto mais seleto. E é sobre isso que esse blog se trata. Com a ajuda da minha principal colaboradora - Carolina Forleo -, pretendo discutir sobre os livros que li e filmes que vi. Dentre muitas outras coisas, claro. Aqui é um espaço sobre tudo: viagem, literatura, música, culinária. Espero que vocês fiquem tão empolgados quanto eu e minha amiga. Comentários serão liberados, porque não queremos falar só dos nossos interesses, queremos ouvir o que vocês têm para contar.

Até o próximo post.